Entrevista Missionária Durvalina Bezerra diretora do Instituto Betel Brasileiro
Tive
o privilégio de conhecer pessoalmente a Missionária Durvalina Bezerra
no meu Curso de Preparo Missionário onde ela foi uma professora
formidável, ministrando sobre "Caráter do Obreiro". Depois ainda nos
encontramos em outras ocasiões, no Dia Da Intercessão Mundial e na
Assembléia Anual da Missão Antioquia. Por último, tive a alegria de
entrevistá-la e gravar a sua entrevista para o Jornal do Projeto
Aimeleque Missões Mundiais no dia 23 de setembro de 2.008, na sede do
Instituto Betel Brasileiro em São Paulo. Em cada uma dessas situações
uma coisa ficou bem clara para mim: Ninguém melhor do que a missionária
Durvalina Bezerra para falar sobre "Caráter do Cristão, ministério e
espiritualidade". Verdadeiramente ela é uma "mulher virtuosa que vive o
que prega".
Há mais de três décadas preparando e formando ministros
do Evangelho fora e dentro do país, a missionária que exerce funções em
várias instituições cristãs e missionárias, entre essas funções a
Diretoria do Instituto Betel Brasileiro, detém com propriedade os dons
da Palavra e da sabedoria. Eu ficaria horas a fio escutando as suas
palavras plenas de sabedoria e de unção. E isso podemos sentir também
nos seus livros, que tem abençoado uma geração de ministros e pregadores
da Palavra. Que essa entrevista possa contribuir muito para o seu
ministério, esse é o nosso objetivo!
Rev. Rubens - Sabemos
que a missionária está à mais de três décadas preparando ministros do
Evangelho, o que motivou a sua decisão por Missões?
Mis. Durvalina –
“Eu fui chamada para o ministério aos 15 anos, eu vi plenamente Deus me
chamar, e isso foi confirmado pela Palavra e pela forma como Deus
colocou aquele ardor interior, o impulso do Espírito Santo pra me
dedicar a Sua obra. Eu era muito ativa na igreja, já participava de
visitas com a missionária da igreja, mas só aos 18 anos eu fui para o
seminário, e lá Deus confirmou a minha vocação missionária, mas na
direção de preparar obreiros. Depois do curso eu fui convidada para
voltar para ensinar no Betel, lá em João Pessoa, e Deus me disse que me
daria o dom de mestre, Ele me falou isso. Eu orei pedindo confirmação ao
Senhor, e Ele me confirmou pela Palavra. Quando eu voltei para o Betel,
para assumir o magistério, Dna. Lídia impôs as mãos sobre mim em uma
reunião com todo o seminário, e naquele dia eu recebi um selo de Deus,
como um chamamento para esse tipo de ministério.
Rev. Rubens - Hoje, muitos dos seus alunos estão ativos na obra, dentro e fora do país. Qual é o sentimento ao ver esses resultados?
Mis. Durvalina –
O despertamento missionário no Brasil para missões transculturais, é
uma realidade mais recente. Então eu tenho visto e me alegrado, em ver
muitos ex-alunos no ministério, não apenas em missões transculturais,
evidentemente existem muitos já em campo há mais de 20 anos, e isso pra
nós é uma grande realização. É como tenho falado aqui para os alunos, o
chamado não tem retorno, o que é vocacionado tem que ir em frente, e se
Deus vocacionou, Deus vai direcionar ao campo, ao tipo de ministério que
Ele escolher. Alguns ficam no Brasil e outros vão pra fora. Mas, uma
coisa é certa, os nossos alunos adquirem a visão missionária por causa
da nossa proposta de trabalho, o nosso currículo também missiológico,
teológico e bíblico. E também o CENAM, Centro Acadêmico de Missões que é
um trabalho bem específico, e que desperta a vocação missionária nos
alunos. Temos alunos que estão fazendo um grande trabalho dentro das
suas igrejas. Tem um rapaz que está fazendo um grande trabalho dentro da
sua denominação, ele é líder nacional em uma igreja que não tinha
nenhum envolvimento missionário, não sabia o que era programa
missionário, oferta missionária, e ele está fazendo um grande trabalho
em várias igrejas dessa denominação. Então nós nos alegramos muito em
ver o fruto do nosso trabalho, há os que vão e os que ficam, o
importante é estar dentro do ministério que Deus dá a cada um.
Rev. Rubens – A sua experiência no exterior? Influenciou sua perspectiva teológica, missiológica e cristã?
Mis. Durvalina –
O meu tempo na Austrália, onde eu estive por um ano letivo no Centro de
Treinamento da WEC da Missão AMEM, foi um tempo diferente e de
experiências profundas com Deus. Eu era a única brasileira, e o que me
influenciou, foi ver que o campo missionário é o mundo, mas que hoje, e
na época que eu estava ali, Deus levantou a igreja brasileira pra esse
momento, pelo que eu lí dos missiólogos mostrando que os países do sul
estão com a tocha na mão. Não quer dizer que os países do norte não
estão mais fazendo missões, mas Deus está fazendo coisas novas nos
países chamados do terceiro mundo ou em desenvolvimento. Então isso pra
mim foi mais impactante, porque eu percebi que essa era a nossa hora.
Aconteceu três vezes consecutivas de uma pessoa chegar para mim e dizer:
“Durvalina, gosto de lhe ver”, e eu perguntei: “mas por que?” – “Porque
eu me lembro do que Deus está fazendo no Brasil”. E quando a pessoa
falava isso, eu me sentia comovida e dizia: “Senhor, será que o seu povo
está entendendo que esta é mesmo a sua hora?” E nas aulas de
missiologia um dia eu tive até um bate-papo (rsrs) com um professor,
porque os exemplos que ele estava trazendo de missionários, se
identificando com o povo, o choque cultural, questão de
contextualização, ele estava falando sempre dos países em
desenvolvimento. E eu disse pra ele: não tem um exemplo ao contrário
também? E ele disse: não, não tem. Então eu disse: “Deus, é a hora do
Brasil, é a hora dos países em desenvolvimento irem para o mundo, a
gente também precisa escrever as nossas experiências, nós precisamos
saber fazer a contextualização à partir da nossa própria cultura, da
nossa mentalidade dos países do hemisfério sul”. Isso foi o mais
impactante.
Rev. Rubens – Como tem sido sua experiência como Diretora do instituto Betel?
Mis. Durvalina –
Quando eu vim para São Paulo, eu era coordenadora pedagógica do Betel
lá em João Pessoa, já há mais de 10 anos trabalhando com coordenação de
ensino. Eu vim pra cá também para assumir a diretoria acadêmica, depois
de três anos eu precisei assumir a diretoria geral, a administrativa e
acadêmica. Eu assumi, porque eu creio que quando Deus escolhe Ele nos
capacita, e Ele nos usa à partir da nossa disposição de ouvir sua voz,
de fazer sua vontade, procurando se preparar melhor pra fazer melhor.
Então aqui em São Paulo eu fui fazer o mestrado em educação, me formei
no Mackenzie, porque eu senti que eu precisava de mais preparo para
dirigir o seminário. Esses 17 anos de direção tem sido prova da graça de
Deus, porque eu creio que a obra do Betel é uma obra dirigida pelo
Espírito, então Deus nos dá a graça de alcançar os objetivos. Os
objetivos que temos são direcionados, e a gente trabalha em direção à
eles pra cumprir o propósito de Deus pra esta casa, porque seminários e
faculdades teológicas, existem várias no Brasil, principalmente em São
Paulo, várias faculdades, vários seminários. Mas o Betel está em São
Paulo porque o Betel tem um perfil diferente, o Betel tem uma missão na
missão de preparar os obreiros, então nesse nosso perfil essa nossa
filosofia é diferenciada, eu creio que Deus nos trouxe pra cá, e nós
estamos cumprindo o nosso papel.
Rev. Rubens – O que é o Projeto Sertão?
Mis. Durvalina –
O Betel é a primeira escola alí no Nordeste, à evangelizar o sertão
nordestino, é uma questão de história. Duas missionárias canadenses
fundaram o Betel à 73 anos, elas vieram do Canadá para evangelizar o
sertão. Agora, pense no sertão à 73 anos atrás. E ela foi lá pro sertão,
Dna. Nellie Ernestine Horne, Dna. Doris Woodley e Esther Blowers
missionárias da UESA do Canadá, e elas fundaram o Betel. O Betel ficou
sob a liderança Canadense até 68, em 68 a Dna. Lídia Almeida assumiu,
ela foi aluna da Dna. Ernestine, foi aluna dessa escola também lá no
sertão. Então a nossa história é de pessoas que conhecem a realidade
sertaneja, e Dna. Lídia tinha um coração muito ardente pelas almas
perdidas, ela era uma pessoa evangelista mesmo. Os alunos tinham o
prático, o estágio de final de semana e iam fazer onde, nas cidades
interioranas. Tinha alunos que viajavam 12 horas para chegar numa
cidade, Brejo de Cruz por exemplo, doze horas. Então o Betel através do
trabalho prático do aluno chegou em dezenas de cidades onde não existiam
nenhuma igreja implantada. Esses trabalhos se estabeleceram, alguns
deles são dirigidos hoje por obreiros que foram convertidos, foi o
primeiro crente, como em Cerrita/Pernambuco. O Sr. Francisco Chagas, ele
se converteu, foi estudar no Betel, e hoje é o pastor da igreja em
Cerrita. Então nós temos vários trabalhos no sertão que permanecem com
obreiros nativos, a maioria deles, “é o sertanejo mesmo botando a mão no
arado”. (rsrs)
Rev. Rubens – O Projeto Sertão é destinado somente à alunos do Betel, ou outras pessoas também podem participar?
Mis. Durvalina –
A sede do Betel é lá em João Pessoa, o Instituto Bíblico Betel
Brasileiro tem quatro pilares, quatro órgãos. Tem os seminários, tem a
área de escolas que é o nosso departamento social trabalhando com escola
e creche, temos a área de missões que é a agência missionária, e a
superintendência missionária Eclesial. Essas igrejas, esses núcleos,
essas congregações, são dirigidas por esse órgão. Lá em João Pessoa,
eles tem um grupo que estão sempre indo ao sertão, no mês de janeiro
fazer projeto de férias, e qualquer pessoa pode se unir ao grupo, ter
uma experiência. Alguns dizem que é transcultural (rsrs) porque é outra
realidade, é a nossa Samaria. Aqui no seminário, nós estamos programando
pra janeiro também, uma equipe de alunos estão interessados e pessoas
de igrejas querem estar participando dessa viagem missionária.
Rev. Rubens – Cite uma experiência que marcou o seu ministério.
Mis. Durvalina –
São várias que marcaram, e em várias áreas da vida (rsrs). A gente anda
com Deus, então tem que ter experiências com Ele. Mas a experiência que
muito me marcou, foi quando eu fui convidada pra ensinar essa matéria
de análise bíblica lá em João Pessoa. Eu morava em Recife e já tinha
quatro anos de formada, estava fazendo pedagogia e a Dna. Lídia me
convidou. Eu me senti muito pequena pra assumir essa disciplina, porque
são oito disciplinas dentro da análise bíblica, método bíblico e
introdução bíblica. Então eu disse a Deus, que eu não iria aceitar esse
convite se Ele não me desse três virtudes, três bênçãos. Eu pedi
sabedoria, conhecimento e entendimento espiritual. Eu fiz um triângulo
desses três dons e coloquei na minha Bíblia, e durante um ano eu orei
por isso e disse: “Deus só vou quando o Senhor me der confiança, porque
eu não vou ensinar a Palavra só com o que eu recebi no meu curso”. Eu já
estava à quatro anos no campo, mas eu não tinha feito nenhuma
especialização. Eu tinha que voltar pra João Pessoa no início do ano, eu
abrí a Palavra e pedí pra Deus me falar. Ele me deu o texto, de Deus
falando pra Salomão: “sabedoria e conhecimento lhe são dados”. Não estou
dizendo que Deus me deu a sabedoria de Salomão, estou dizendo que Ele
me deu a sabedoria para o ensino da Palavra, e o conhecimento. Essa
experiência definiu todo o meu ministério, porque o meu ministério de
ensino foi marcado, foi marcado pelo sobrenatural. E eu tenho
consciência que a forma como eu ensino, ela extrapola qualquer ? Depois
eu fiz pedagogia, fiz o mestrado e outros cursos. Fiz teologia, mas o
meu dom é o dom da Palavra, e as pessoas que me ouvem confirmam isso que
o meu dom é o dom da Palavra. O dom da Palavra é investido de sabedoria
e de conhecimento, porque a Palavra de Deus é de sabedoria e de
conhecimento. É aí que eu vi a ação muito forte da mão de Deus.
Rev. Rubens – Fale um pouco sobre um dos livros de sua autoria: Ministério Cristão & Espiritualidade.
Mis. Durvalina –
Eu escrevi esse livro, não me preocupando com conceitos de
espiritualidade, ou com a história da espiritualidade, como muitos
escreveram sobre os pais do deserto, sobre muitos grandes homens da
igreja, que deixaram lições profundas de espiritualidade, porque eu
creio que eu herdei o perfil que Deus deu ao Betel, ou melhor, eu herdei
os valores que Deus colocou no Betel pra gente viver por eles. E esses
valores foram dados pelas pessoas que Deus colocou na frente, Dna.
Ernestine e Dna. Lídia. Os valores trabalhados no dia-a-dia, são valores
do caráter cristão. O conhecimento é necessário, nós estamos aqui com o
curso de Bacharel em Teologia com concentração em Missiologia. Nós
lutamos pra ter o conhecimento, nós queremos o conhecimento, mas o
conhecimento, ele em si, não produz vida, não produz o efeito. Então o
nosso ideal, os nossos valores, é: o conhecimento experimental. O
conhecimento conceitual é necessário, porque as minhas práticas devem
estar embasadas na doutrina, devem estar embasadas na Palavra de Deus,
no conhecimento bíblico teológico. Mas a prática, ela, tem que ser
relevante, porque o que Jesus ensinou, o verdadeiro cristianismo, é
vida, e vida é a dinâmica do dia-a-dia. Nessa dinâmica eu vivo a
expressão da doutrina, eu vivo a expressão da Palavra dos preceitos de
Deus. Então nesse livro, eu quis lançar a necessidade da espiritualidade
prática: “eu preciso viver o evangelho”. A coisa mais simples do mundo
(rsrs), é a coisa mais simples do mundo que é viver o que Cristo mandou,
viver o que Ele ensinou, por isso eu coloco o foco em ministério. Os
exemplos são muito focados na questão de missões , porque eu dou aula em
muitos centros de treinamento missionário, mas o livro é direcionado à
qualquer ministro que esteja servindo à Deus. A proposta do livro é o
conhecimento prático, é a vida, é a construção da espiritualidade. O
Espírito Santo usa a Palavra, para nos fazer viver aquilo que nós
pregamos. Então pregar sem viver a Palavra, é profissionalismo, é
qualquer outra coisa, menos Cristianismo genuíno, eu chamo genuíno, é
pregar a Palavra conforme a realidade da vida interior. Eu gosto muito
daquele texto quando Paulo diz: “aprouve a Deus revelar o seu Filho em
mim”. Então Jesus, Ele é expresso, Ele é revelado, Ele é visto através
da nossa vida, isso é espiritualidade verdadeira, não é espiritualidade
esotérica e nem comtemplativa, mas uma espiritualidade prática de vida,
segundo os preceitos do sermão do monte, e de toda a Palavra.
Rev. Rubens – A missionária é uma das organizadoras e conferencista do 5º Congresso Brasileiro de Missões, quais são as suas expectativas?
Mis.Durvalina –
Graças à Deus a comissão organizadora tem trabalhado muito bem, já
estamos com 1500 pessoas inscritas. E o que nós vamos trabalhar?! São os
quatro passos para a obra missionária. Esses quatro passos sendo bem
trabalhados, vão dar diretrizes à liderança evangélica. Porque nós vamos
falar de: despertamento missionário e da vocação (esse eu vou falar), a
Bárbara vai falar de treinamento missionário, o Alex vai falar sobre o
envio (a relação entre Igreja e Agência), e a Tonica sobre cuidado
pastoral integral do missionário. Eu acredito que esses quatro pontos
sendo bem trabalhados, eles vão dar diretrizes para o trabalho
missionário nas igrejas, e nas agências. Eu estou com uma boa
expectativa, de que vamos alcançar o alvo de oferecer a igreja
brasileira, mais conhecimento com o exemplo de missionários, e
diretrizes pra ação missionária.
Rev. Rubens – Quais
atitudes um cristão que sente o chamado para missões deve tomar? Qual é
o preparo, o treinamento necessário para quem vai ao campo missionário
transcultural?
Mis. Durvalina –
Eu não sou uma pessoa que aprova atitude precipitada (rsrs), eu tenho
que ir paulatinamente. Eu acho que a pessoa que tem uma vocação, que já
tem uma Palavra de Deus pra seguir o ministério, ela deve primeiro ter
um bom testemunho dentro da sua igreja, ela deve receber da igreja a
confirmação desse chamado, porque ela deve também, ser enviada pela
igreja. Que a igreja veja que ali está, o representante dela no campo, e
essa pessoa deve produzir, ela deve servir ao Senhor na sua comunidade.
Eu acredito que, se não serve bem antes de sair, é difícil servir bem
lá fora. Segundo passo: eu aconselho a buscar o preparo. Nós precisamos
de pessoas preparadas, o mundo evoluiu. Dentro do Brasil nós temos hoje ?
três vezes maior que uma década atrás. Então nós não podemos pensar que
na obra de Deus, depender do Espírito Santo é o suficiente, a gente
precisa depender do Espírito Santo, mas devemos nos preparar, deve
buscar um curso teológico - missiológico. Uma casa que não apenas tenha o
curso teológico, mas uma instituição que tenha um curso para formação
de obreiros, não para formação de teólogo, porque é muito difícil você
unir os dois, essa é a nossa luta aqui no Betel: unir a mente do
teólogo, ao coração de santo e à coragem do desbravador, do trabalhador.
Uma escola que só dá o conhecimento pra mente, que trabalha só com a
mente, e forma o teólogo, pode não ser o ideal, tem que buscar uma
instituição de ensino teológico – missiológico. Dependendo do
chamamento, deve buscar uma agência para trabalhar com a igreja. Se vai
para o campo transcultural, as agências são estruturas montadas por Deus
para dar o apoio e a logística, ela tem condição de fazer isso, e nem
sempre a igreja tem condição de fazer tão bem. Eu sou de acordo que
busquem junto com a igreja, porque não é uma decisão isolada. Que o
vocacionado busque, que trabalhe junto com a igreja, e a igreja, deve
entrar nessa parceria coletiva se for transcultural. Se o ministério é
dentro do Brasil, deve procurar a liderança da igreja e se apresentar, e
consciente dos seus dons se dispor a ser usado, porque quando Deus
chama Deus abre a oportunidade. Eu não posso ver Deus chamar e a pessoa
não ter a oportunidade de trabalhar. Pode ser que nos primeiros anos
tenha dificuldades, porque a gente às vezes é muito apressadinho (rsrs),
terminou o curso, a gente acha que já tá com o diploma na mão e já deve
entrar amanhã no ministério. A igreja, o pastor, já tem que dar o
púlpito e ele já é pastor, nem sempre é assim. Deus, muitas vezes
continua trabalhando conosco antes de nos entregar a missão, e mesmo
tendo terminado o curso. Não é o curso que faz pastor, o curso prepara,
agora a gente precisa da experiência, e essa experiência (eu gosto de
chamá-la de “teste de Deus”), é Deus levando a gente para o teste. Deus
não vai colocar sobre o muito sem primeiro colocar sobre o pouco, pelo
menos eu vejo Deus trabalhando assim, nunca vi diferente. Jesus disse
que Ele vai galardoar aquele que é fiel no pouco: “se for fiel no pouco,
sobre o muito te colocarei”. Primeiro Deus trabalha no pouco, quer
dizer, Deus vai passo-a-passo. Nunca ví uma pessoa ser um grande líder
da noite para o dia (rsrs). Às vezes a gente quer ser grande de uma hora
pra outra, aí cresce sem estrutura, cresce rápido, mas pode cair
rápido.
Rev. Rubens – Na sua opinião qual é o maior desafio no campo transcultural?
Mis. Durvalina –
Olhando para a realidade do mundo hoje, o maior desafio são os “povos
não-alcançados”. Porque no início do século XIX, a gente via aquelas
missões pra América, e para o norte da Inglaterra, algumas da Europa
seguindo pra África, então a gente lembra da história: L. Studd e tantos
outros que foram pra África. China, com Hudson Taylor. Índia no caso do
William Carey. Porém, hoje o maior desafio, são os povos que estão
dento desses países. Os “povos não-alcançados”, são 2.314 povos que não
tem uma igreja absoluta dentro deles. Aqui no Brasil, nós temos 98
tribos que são “povos não-alcançados”, e que não tem a presença do
evangelho. Esses “povos-não-alcançados são mais difíceis, porque são
povos escondidos, numa grande parte deles islâmicos e animistas. É muito
mais difícil a resistência ao evangelho, porque a cultura é mesclada
com toda a religiosidade. Pensando em chegar até a última fronteira, nós
temos esse grande desafio de ultrapassar essa fronteira: a dos
“povos-ainda-não-alcançados”.
Rev. Rubens – O missionário transcultural necessita de qual tipo de apoio para cumprir o seu chamado?
Mis. Durvalina –
Primeiro ele precisa do apoio da família, a família deve estar junto.
Os pais, devem oferecer os filhos à Deus para a obra missionária. É
necessário que os pais entendam, que quando o filho se levanta para ser
um missionário, ele está sendo um privilegiado, porque tem um filho como
ministro do Reino de Deus. Então essa questão pra mim é muito
importante, porque tem pais, que tem ideais para os seus filhos que são
os ideais do mundo: ideal de um grande profissional, de uma pessoa de um
bom poder aquisitivo. Esquecem que a realização plena está em servir o
Reino de Deus, a pessoa precisa do apoio da família, já vi pessoas que
voltaram pra trás por causa da família. A segunda coisa, é o apoio do
pastor da igreja onde a pessoa é membro. O pastor deve reconhecer a
vocação, ele deve, reconhecer a vocação. Por isso eu falei, que o
vocacionado tem que trabalhar dentro da sua comunidade, porque pra ser
reconhecido, ele tem que revelar. E como é que ele vai revelar? Pela
disposição de servir, estar pronto não apenas pra fazer o que ele gosta,
vamos dizer: tocar. Mas estar pronto para servir, até mesmo pra limpar e
pra se dispor nas coisas mais simples. Então, o pastor precisa
reconhecer o chamado, e apoiar. Não apenas apoiar com uma carta de
recomendação dizendo: “você vai com a minha benção”. O pastor tem que
apoiar com o apoio moral e com o apoio espiritual. Levantando a igreja
para interceder pela pessoa, fazendo a retaguarda. Levantando também a
manutenção, porque quando uma pessoa se levanta para se dedicar ao
ministério, ela precisa viver com todos os gastos de uma pessoa comum, e
ela não vai mais trabalhar se ela vai estar em tempo integral, então a
igreja, precisa reconhecer que é responsabilidade dela, contribuir para o
sustento do vocacionado. Desde que ele sai do seminário, desde que ele
começa o preparo, a igreja já deve estar investindo nele, porque eu
creio que o chamado vem pra igreja, e volta pra igreja. Vem da igreja
claro, a gente crê que a pessoa chamada para o ministério, vem pra
igreja, e volta pra igreja, no sentido de que o seu trabalho vai ser a
favor da comunidade. Seja trabalho dentro dela (alguns são chamados para
o trabalho local), ou mesmo o transcultural, mas ele está indo como um
representante, como um braço da igreja no campo. O apoio pastoral, e o
apoio da igreja local é imprescindível, e o pastor tem que dar o apoio
não apenas pessoalmente, ele tem que fazer a igreja apoiar, é uma ação
pastoral, porque em Antioquia, o ato de impor as mãos sobre os
vocacionados (pra despedir, se despediram de Paulo e Barnabé no ato de
impor as mãos), quer dizer: “ nós estamos indo com vocês, nós estamos
confirmando essa vocação ”. É a igreja que está em ação, em missão, isso
é bíblico. Depois, vemos Paulo voltando pra dar relatório na igreja,
então esse apoio é necessário. Se é um campo transcultural, e o
missionário vai fazer com a agência, ele também precisa do apoio da
agência. A agência deve reconhecer o dom, porque mandar a pessoa fazer
um projeto, se a pessoa não tem o dom!? Não vai dar certo. Eu acredito
que as missões devem reconhecer o chamamento dos vocacionados, se o
chamamento é para um país, é típico. Se Deus está dizendo: é Índia,
então é Índia, porque na minha percepção Deus chama para um país
específico, pode ter países intermediários, pode enquanto a missão não
tem um contato lá, enquanto a porta não se abriu. Mas eu não posso ficar
em um país a vida inteira, se o chamamento de Deus foi para outro país.
Então eu vejo aí já a ação da Missão (agência), de apoiar reconhecendo o
chamamento da pessoa.
Rev. Rubens – Como
avalia a atitude de um ministério, agência, igreja ou pastor, que
conhece e reconhece o chamado específico do vocacionado, mas o direciona
para um outro?
Mis. Durvalina –
Se há esse direcionamento por um tempo, e por razões justas: pelo fato
de não ter uma base ali, pelo fato de não ter ainda um contato, de não
ter como enviar, ou ainda pelo fato de que é um país fechado e não tem
como entrar agora, então há algumas justificativas. Se é justo, a pessoa
deve entender que Deus tem o tempo de agir na história, a Palavra de
Deus não pode ser quebrada. Se Deus chamou pra um país que é fechado, eu
tenho que entender que Deus é o Senhor da história. Deus falou mesmo?
Eu também tenho que ter essa convicção, não é só “eu acho”, tem que ter a
convicção. Eu me lembro de Najua (missionária), quando Deus chamou
Najua pra Albânia, muitos disseram que era loucura, a Albânia era
fechada e comunista, como podia? Porém, a convicção dela era a Albânia,
ela trabalhou na fronteira muitos anos, e entrou ficando como turista
duas vezes, até que a Albânia se abriu. Então nesses casos, quando há
uma justificativa, o obreiro deve entender que ele serve o Reino de
Deus, e que ele vai florecer e frutificar onde for plantado, “eu acho
que não vou ficar esperando uma oportunidade até que o país se abra”,
nós servimos o Reino onde estivermos. Agora, se é uma questão não
justificável, o obreiro deve orar e pensar com quem ele vai.
Rev. Rubens – No caso da missionária Najua, a agência não queria que ela fosse para a Albânia, mas ela foi ...
Mis. Durvalina – Agência, missionário e igreja, devem ter um tempo de oração pra buscar o discernimento do Espírito Santo, eu acho que isso está faltando em Missões, está faltando na igreja brasileira. Não é a gente sentar, por no lápis e determinar. Não é a gente olhar pro mapa e dizer onde vai ser, “é aqui que é mais fácil, é aqui que a gente pode enviar”. O texto sagrado diz que Paulo queria muito ir pra Bítinia. Ele ia pregar e tinha muita gente ali precisando ouvir a Palavra, eram os gentios que não conheciam a verdade, mas o texto diz que o Espírito Santo o impediu. Porque Paulo e Barnabé chegaram a essa conclusão? “Me impediu de pregar? Porque? Aquela região não era carente? Não era necessitada? Não era um campo missionário também?” Discernimento Espiritual. Eu acho que liderança de igreja, liderança de agência e missionário, não podem decidir, pelas necessidades do campo, nem pela carência dos povos, nem por projetos denominacionais, e nem por ocasiões históricas ou questões estruturais, ou ainda caprichos pessoais. É uma coisa tão séria, que eu acho que os três devem buscar com humildade, e mesmo que haja a hierarquia (que o pastor ou o líder da agência está em liderança), no momento de buscar o discernimento tem que haver humildade, pra ouvir o que o Espírito Santo diz, como foi em Antioquia. O Espírito Santo falou à Igreja, e a igreja confirmou que era Paulo e Barnabé que tinha que sair. Pra mim está faltando esse processo, porque não é uma questão racional apenas, é pensar junto, e de joelhos, buscar o discernimento do Senhor.
Rev. Rubens – Já
aconteceu de pessoas chamadas não receberem o apoio de uma das partes,
ou da igreja ou da agência, então decidiram ir só para o campo e foram
bem-sucedidas, o que você acha, é correto ou errado?
Mis Durvalina –
Eu acho que Deus extrapola qualquer estrutura humana, porque Deus é
soberano. Mas, um caso como esse não pode servir de modelo, porque eu
creio que a igreja é um corpo, e esse corpo deve interagir, a bíblia diz
isso, um só corpo com muitos membros. Tem muitas funções e ministérios
diversos, e nessa interação a igreja deve perceber qual é o caminho à
seguir, se ela não percebe, não chega a um senso comum, a esse
discernimento, eu não vejo Deus se restringindo à formas e à fórmulas.
Por isso que na obra de Deus a gente não pode colocar dentro de um
quadradinho, Deus tem liberdade de agir. Agora um caso assim, graças à
Deus, mas esse não é o modelo, isso é eventual, ? Nós não podemos tomar
esse exemplo como modelo, porque senão nós vamos ter uma independência
dos membros, e isso não representa o Corpo de Cristo, o Corpo de Cristo é
interdependente. Não é tão fácil, o ideal nem sempre é alcançado, mas
nós temos que andar em direção à ele.
Rev. Rubens – Acha
que os pastores tem sido omissos com relação ao envio e cuidado de
missionários, e com o despertamento da igreja para missões?
Mis. Durvalina –
Tem havido um despertamento na igreja brasileira (até mesmo esse
congresso agora, já com 1500 já inscritos), muitas igrejas evangélicas
no Brasil estão fazendo conferências missionárias. Eu vejo que há um
despertamento, porém, se nós formos colocar em termos de estatística, a
gente vai chegar a conclusão que ainda existem muitas igrejas, a maioria
delas, onde há necessidade de um despertamento missionário, e do
entendimento sobre Missões, porque se a liderança não tem, é difícil a
igreja ter. Eu tenho visto algumas igrejas, que o pastor está deixando
alguns membros que foram despertados fazerem, fazer uma conferência,
fazer um projeto missionário. Mas quando não parte do pastor, é mais
difícil haver aderentes. As coisas acontecem mesmo, quando o líder põe
um projeto, um programa na igreja. Então eu acho que há necessidade da
igreja se despertar, há a necessidade dos pastores apoiarem, porém, pra
mim a questão está um pouco atrás, se a liderança em algumas igrejas não
teve preparo nenhum. Na realidade no Brasil, 70% das igrejas são
pentecostais, dessas tem as neo-pentecostais, onde poucos tem preparo.
As igrejas históricas tem mais preparo, porque são mais exigentes no
preparo. Mas os seminários e as faculdades teológicas não dão a visão
missionária, elas se preocupam com a teologia, então não há uma união
entre a Teologia e a Missiologia, há uma dicotomia. Se você for olhar
nos currículos dos seminários, você não encontra missiologia, muito
pouco se fala de Missões, então se a liderança não recebeu, é difícil
ela poder dar. Eu vejo essa precariedade na liderança evangélica
brasileira, sendo esta uma razão da sua indiferença muitas vezes, até
com a questão missionária.
Rev. Rubens – Como acha que a igreja pode transformar quantidade em qualidade, já que o percentual de evangélicos só aumenta no país?
Mis.
Durvalina – Se você está falando de qualidade na vida cristã, eu digo
que é necessária uma volta à Palavra. Pra mim os púlpitos estão vazios
da Palavra. Então sem a Palavra, não a formação, não há qualidade de
vida cristã. As mensagens são mais animadoras, que levantam a alta
estima, que prometem muitas bênçãos, mas sem dar o outro lado: as
condicionais. E quando a gente lê a Bíblia a gente vê as condicionais:
“se guardardes os meus mandamentos, se ouvirdes a minha voz”. Deus não
promete somente sem dar condicionais. Não é que Deus não age pela graça,
toda benção de Deus é graciosa, mas a graça de Deus não é barata.
Existe uma necessidade premente de buscar a Palavra, e o discipulado se
há pessoas vindo à Cristo, graças à Deus pessoas se convertem todos os
dias. Mas, será que elas estão entendendo o que é mesmo ser cristã? Quem
é que vai dar o entendimento? O discipulado. Então eu acho, que cada
igreja deveria ter um programa de discipulado, bem organizado,
consistente, e sistemático. Se cada crente for um discípulo de Jesus, a
igreja vai crescer em qualidade, porque o discipulado, é o ensino da
Palavra para a prática na vida cristã, esse é um ponto fundamental. E eu
me entristeço às vezes quando vou em uma conferência missionária (eu
falo muito em conferências missionárias e em igrejas), e eu percebo que a
maior necessidade da igreja, não é ouvir a minha mensagem sobre
missões, é ouvir uma mensagem sobre vida cristã. Eu percebo que a minha
palavra muitas vezes não tem eco, porque se a pessoa não tem percepção
espiritual, não tem vida com Deus, o amor de Deus não flui no coração, e
ela não vai se preocupar com o índio que ta lá, e nunca ouviu o
evangelho, ela não vai se preocupar com a criança na rua, ela não
entende os seus compromissos com a obra de Deus, se ela ainda não é
comprometida com Deus. Isso é uma coisa que me entristece, bastante, e
eu percebo, porque Deus nos dá percepção espiritual. A gente tem que
começar do básico: formar discípulos. Um dia eu fui entrevistada por uma
revista da Igreja Batista lá em Brasília, e eu disse isso pra eles.
Eles perguntaram: “quais as características que o missionário deve ter?”
Eu disse: “ser um bom discípulo de Cristo. Se ele foi ensinado à ser um
bom discípulo, ele vai ser um bom missionário, vai saber renunciar, vai
saber tomar a cruz, vai seguir o Mestre”. Jesus disse que aquele que
não tomar a sua cruz, e não renunciar à si mesmo, e a tudo o que tem,
não pode segui-lo. Então é o caminho do discipulado, porque quando a
gente ama Deus mesmo, não vai ter sacrifício grande pra fazer. Como L.
Studd disse: “Se Jesus é Deus e morreu por mim, não há sacrifício grande
que eu não possa fazer”.
Rev. Rubens – Atualmente
fala-se muito em Missão Integral, a proclamação do Evangelho, e a
apresentação do reino de Deus nos âmbitos psicológico, familiar,
financeiro, social, pela prática do amor. Nessa prática, a igreja, o
missionário, a agência, devem assumir o papel de provedores, ou de
facilitadores da comunidade?
Mis. Durvalina –
Continuando nessa minha fala sobre qualidade do discípulo, se a igreja
forma membros maduros, ela vai promover o Reino de Deus na terra, vai
expandir o Reino de Deus na terra, e o Reino de Deus se expande
alcançando o homem no seu todo, alcançando o homem integralmente, quer
dizer: corpo, alma e espírito. Os projetos devem ir nessa direção,
direção de alcançar mas não com partenalismo. Quando você diz
“provedor”, me vem à mente “partenalismo”, e eu acho que não é por aí,
acho que a igreja deve levar o homem a dignidade de um cidadão, e a
dignidade não é uma sopa no final da noite, não sou contra quem faz, só
estou mostrando que não é uma sopa no final da noite. Levar dignidade é
ter projetos sérios que possam alcançar os necessitados, levando a
pessoa a ser um verdadeiro cidadão, porque o verdadeiro cristão deve ser
um bom cidadão, então ele vai inserir-se na sociedade, assumir seus
papéis com responsabilidade, e gozar dos seus direitos.
Rev. Rubens – Como você vê missões no cenário mundial atual?
Mis. Durvalina –
Nos países em desenvolvimento, tem havido um despertamento missionário
como eu já te falei. Os países da América do norte, nos países da
Europa, principalmente no Ocidente, a gente percebe um esfriamento, a
igreja está declinando, e o aumento do islamismo e do secularismo é
muito forte, a igreja está precisando ser reavivada. Agora, nos países
do hemisfério sul, está havendo um avanço, um progresso da igreja no
cumprimento da sua missão. A gente percebe que o Espírito Santo tem
agido em várias partes do mundo, por exemplo, há igrejas na África.
Quando L. Studd foi pra África, lá era o cemitério do homem branco, hoje
a gente vê a África com várias agências enviadoras sim, várias igrejas
crescendo. Na Ásia a gente sabe que há um cinturão de resistência, o
islamismo, o budismo, o hinduísmo, mas há muitas igrejas sendo
despertadas também.
Rev. Rubens – É correta a afirmação de que o Brasil é um celeiro mundial de missões?
Mis. Durvalina -
Eu creio que sim, mesmo que nós, temos certa preocupação, com a forma
como alguns são enviados, às vezes sem preparo e sem apoio. Mesmo
havendo essa preocupação o Brasil tem se destacado, porque em toda a
América Latina quem mais envia missionário, quem tem mais agências
enviadoras, quem tem o maior número de centros de treinamento, é o
Brasil, então tem crescido. Hoje nós temos missionários em todos os
continentes.
Rev. Rubens – Que mensagem você deixa aos leitores, e em especial aqueles que sentem o desejo de fazer ou de apoiar missões?
Mis. Durvalina –
A minha palavra, é que cada um busque de Deus, qual é a sua parte na
missão. Há várias formas pra gente cooperar com a obra de Deus, pra
gente fazer a obra de Deus, e cada um faz a sua parte. Nem todos vão
para o campo transcultural, nem todos são chamados para a linha de
frente, nem todos são chamados para a retaguarda, mas todos são chamados
para servir. Então a primeira coisa é cada um buscar de Deus os dons,
“saber o que é que eu posso fazer”. Os dons do Espírito Santo, é a
capacitação que Deus nos dá para o serviço, e o exercício do ministério é
o exercício dos dons (Efésios 4:11, os cinco dons ministeriais). “Se
Deus te chamou pra ser evangelista, faz a obra de um evangelista. Deus
lhe chamou pra ser pastor? faça uma obra de pastor. Deus te chamou pra
ser profeta? Profeta de Deus é aquele que tem o dom da Palavra, e vai
falar de Deus ao povo, então cumpra o seu dom, cumpra o seu ministério.
Deus te chamou para ser missionário, um apóstolo, cumpra o seu
ministério”. Os dons são necessários. O apóstolo Paulo diz para Timóteo,
e é o que eu quero deixar para você querido leitor nessa hora: “não
negligencie, não seja negligente com o dom que há em ti, o qual é o dom
que Deus lhe deu”. “Busque e exercite os seus dons, e Deus vai ser
glorificado através da sua vida”.
Em: II - MINISTÉRIO
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